No  primeiro sinal, das mãos suadas e em estado choque, um puro medo disfarçado em expectativa. Ele esteve presente durante o  tempo em que sorrimos, nos conhecemos aos poucos e devagar, e íamos nos  encantando, eu sabia disso. Apenas me envolvi junto com você o impulso  que é viver em delírio e felicidade, camuflando todo esse susto. E ele começou a dominar. A situação, a mente, você inteiro e consequentemente, eu. Sempre temendo agir e mais que isso, sentir. Corria do humor instável, dos imprevistos e de tudo o  que me confundia a cabeça. E ele infiltrou as ligações inesperadas, as  mensagens, os apelidos carinhosos... Que depois de um tempo então, sumiram. É, foram desaparecendo, gradativamente, e o teu afastamento como  consequência. 

Tentei  curar essa crise com mais afeto, tirei uma paciência que não me  é comum, não sei de onde e fui até onde nem eu imaginava. Sem notar  que, a fobia aumentava a cada olhar mais longo e singelo, a cada  surpresa falhada em que eu tentava salvar tudo, ser superior e ignorar o  pavor e pesadelo em que tudo se transformava, o sonho lindo que um dia  surgiu e foi se esvaindo. Fui adormecendo e por mais devagar que  fosse, no final era só penumbra, assombramento. Palpitações, enjôo,  olhar trêmulo e um não saber que me consumiu, que me enlouqueceu. Preciso  de claridade, gosto de saber onde piso, da firmeza do caminho. 
A possibilidade de segurança que eu transmitia não condizia ao teu  espírito livre, à tua facilidade em chegar e abandonar castelos já  construídos, possibilidades pré-moldadas. Tão opostos, que insistimos  até o limite estourar. Melhor dizendo, insistimos. Quebrei barreiras por  mim impostas, cortei laços por mim feitos. Enquanto assistia ao  longe a tua partida e o meu rastejamento, a minha vontade de voltar  pro final feliz, pro reino encantado e te levar junto, quebrei a cara -  desconstruí o coração. Descobrindo apenas mais tarde que o medo, aquele  que fazia as mãos suarem, já tinha tomado conta e  não volta a ser o paraíso e a paz de outros dias. Que algum dia pelo menos desperte você dessa  impossibilidade toda e perceba que pensar não é escolha, nem caminho. É  martírio. Que sentimento não explica lógica, e amor, loteria. E como é  princípio meu, que o interessado dá um jeito. Pra tudo, por todos. E  que não seja tarde demais, pra que pelo menos você me alcance e escute o  que sempre te falei, mais uma vez, olhando nos olhos. 
 
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