segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Você acreditaria se eu dissesse que meu coração acelera só de ouvir seu nome?
“Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer.”
Autor desconhecido

Lembro-me..


E eu sempre me pergunto se quando você se deita você pensa em mim. É tão incomum, é tão abstrato, o que eu sinto é tão diferente. Eu preciso de você ao meu lado. Eu preciso de você dizendo que me ama. Eu preciso dos seus sorrisos perfeitos, das suas piadas toscas, do seu cheiro delicioso, do seu abraçado aconchegante, dos seus beijos doces, dos seus cabelos macios, das suas irritações infantis, dos seus gritos loucos, dos seus ataques bobos, eu preciso de você mais do que eu preciso de mim. Você sempre tentava com milhões de palavras e gestos demonstrar o quanto me amava, mas parecia que eu sempre estragava mais ainda. Nossos sonhos, nossos planos, nossas vontades e desejos, foram tudo por água abaixo? Como assim? Temos tempo ainda, temos muito tempo ainda para realizar tudo o que queríamos. Eu sempre me senti tão feliz ao seu lado, quando eu estava do seu lado era como se não existisse mais nada, éramos em três, você se lembra? Eu, você e a felicidade. Ao seu lado eu me sentia protegida, porque sempre quando eu passava frio você me aquecia, sempre quando eu estava cansada você me doava seu colo, sempre quando eu estava carente você estendia seus braços, sempre quando eu precisava de alguém eu olhava para o lado e você estava lá. E onde está você agora? Eu olho para o lado e só vejo a minha sombra. Todos os erros cometidos, todos os momentos marcados, todos os beijos demorados, todos os abraços apertados, fazem parte de mim, e de você também, e mesmo que esteja distante eu quero que saiba que eu te amo demais, e eu não aguento mais viver sem você aqui.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tati Bernardi

"Não gosto de você. Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não aguento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque, se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. E se você se apaixonar por mim mesmo com todo esse teatro de moça banal que eu estou fazendo, vai ser a prova de que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena."
Tati Bernardi

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

My Dear ...

Talvez eu esteja ficando maluca, ou talvez, realista. Mas acho que aquela dor no peito, o machucado que eu tinha antes está sendo curado por remendos de um novo enfermeiro. Eu sei que não é fácil entender, acredite, ainda estou tentanto, mas as coisas do coração são assim. Em um minuto são fogos de artifício, exaltando cor e barulho; no minuto seguinte são gotas de chuva, frias e caladas.
Achava que nossa ligação nunca teria um fim, eu era submissa a você e poderia ouvir seu chamado à quilômetros de distância. Mas algumas mudanças repentinas me fizeram enchergar que somos melhores quando estabelecemos em nós uma ligação de afeto maternal, exigindo do outro apenas cuidado, consideração. Que a parte que faltava em mim e eu tanto procurava, eu já tinha encontrado nesse "novo" alguém. Pode ser apenas mais um, ou talvez acabaremos como aconteceu com nós dois.. Só sei que é ele quem me alegra nos dias que você maltrata meu pobre coração.Você pode achar que eu o esteja usando como "estepe", mas para mim é mais que isso; ele é quem me conforta, para quem eu corro sempre que preciso, onde eu busco meu eu interior, onde posso ser eu mesma e posso me abrir completamente que ele, com toda certeza, me entenderá. Como sempre fez. Mais que um amigo, pode ser minha alma gêmea .. que por irônia do destino ainda não tivemos a oportunidade de testarmos nossa compatibilidade. E acho que esse é o momento propício. Deixo de ser só sua e passo a me exibir para o mundo, buscando novos corpos, novas taras e consequentemente, novos corações. E quer saber? Desejo o mesmo a você. Pois esse "novo" coração que a mim pertence, se entrega mais do que deveria, mais do eu julgo merecer.. Por isso,  prometi-lhe ser fiel e merecedora de tanta dedicação, para que eu não faça com ele aquilo que você fez comigo e assim por diante. Por isso meu querido, que sua angústia seja substituida por alegria, e que assim como eu, você também condiga se doar por inteiro para outro alguém, que ela te faça o homem mais feliz do mundo, faça melhor do que eu pude fazer um dia, e que você faça o mesmo para ela. 
Você deve estar se perguntando se isso é realmente uma carta de despedida, não é? Pois bem, para mim ela é apenas um novo começo e para você um "até breve", pois sinto muito saber que estou desisitindo  da gente ao invéz de lutar.. Só espero que a partir dessa carta, possamos romper todo e qualquer elo que nos fazia mal e nos permita sermos melhores um com o outro.
Até breve, my dear ..


sábado, 11 de dezembro de 2010

# Titanic


Mesmo assim eu não me esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de tê-lo sempre ali.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

... e o coração é vagabundo

 Essa cidade é um ovo, e algum dia eu tinha consciência de que aconteceria. Na verdade, procurei entre olhares, personas e roupas parecidas, e agradeci à cada festa que não senti tua presença. Orei pela sua ausência, sendo franca. Ou fraca. Pedi que não visse teu rosto, sentisse teu cheiro, ou escutasse tua voz - única. E descendo as escadas da festa, eu vi. Aquilo que por meses ignorei, estremecendo a base sólida que imaginei ter construído, e que me fez gelar por dentro. Aquele de que durante dias à fio, não quis ver. O qual o verão me fez esquecer, o outono nem pensar e no inverno, finalmente, encontrar. Querendo desmentir que paixão antiga sempre mexe com a gente, decidi passar reto. Opa, não vi. Sem querer, querendo. E quando você puxa o meu braço, e me olha com aquela feição antiga, os olhos ternos de anos e anos, posso ver cada um dos pelos do meu braço que se arrepiam, sentir os pinotes que meu coração ensaia e paro no tempo. Fico sem ar, perdida no espaço, solta na vida. Não sei o que me leva a agir com calma e complacência, e ir caindo aos poucos assim, tola e frívola, na armadilha errante e repetitiva, que é você no meu destino. Mas sei que cesso, e diante de gente dançando e uma fila enorme para bebida, conversamos por todas as semanas de silêncio e fuga, rimos das pessoas bizarras que cruzam nosso caminho, e volto a me sentir bem ao teu lado, pedindo mentalmente que isso demore a passar, ou se prolongue o máximo possível. A gente se conhece tanto, e tão à fundo, que não surto e nem brigo, quando você comenta a minha roupa. Ou discutimos, a minha antipatia - e a tua falsidade. E concordamos que somos mesmo um pouco parecidos, meio turrões e teimosos, antipáticos e superficiais, quando nos convém. Sem admitir, ou dar o braço a torcer, como foi e ainda é. Eu com pouca roupa, enquanto você me exibe camadas de moletom, lã e camisetas. Você, e a sua habitual felicidade, o sorriso na cara de sempre, otimismo que não tem fim; eu, e minha ansiedade, remexendo o colar de pérolas, ou passando ainda mais batom. Oposto, e de outro ângulo, idênticos. Concluo que senti falta dessa sua vivacidade, e você me diz que faço também falta no teu dia-a-dia; mas nem tanto, pra não me deixar demasiadamente confiante. Se te dissesse que sonhei com você, num pesadelo insône do domingo passado, e te vi de longe logo na segunda-feira, e que levo fé que o nome disse tudo não é coincidência, mas sim destino puro e impróprio, talvez você gargalhasse de olhos fechados, como te vejo fazer há anos, ou questionasse, toda essa minha crença e espiritualidade, meus rituais e minha intuição, e começássemos algum debate filosófico sobre qualquer outra coisa do mundo - menos sobre nós, e toda essa situação sem pé nem cabeça, onde mergulhamos sem equipamento próprio. Então, continuo parada ao seu lado, e danço um pouco, enquanto penso como eu pude ficar longe da suas mãos maravilhosas, da sua alegria em viver, e de toda essa loucura pra qual você me arrasta. E todos nos vêem, nos notam, e sabem o quanto a gente fica eufóricos e radiantes assim, apenas de estar paralelos um ao outro e se dar um apertão de leve, um abraço sem jeito ou qualquer toque que aproxime, e não afaste. Finjo não ouvir as vozes que me falam para sair, fugir e correr pra longe - enquanto ainda é tempo, e o veneno ainda não me tomou totalmente o corpo. Mas caio nessa arapuca, e quando você quase me beija, esquivo apenas pra não ser assim tão fácil. Penso como quem se autosabota, mas nem liga tanto assim: a carne não é mesmo fraca? Que seja então, o coração vagabundo. Me faço de surda apenas para que você repita que me quer, que o tempo parece não ter passado, e somos os mesmos: você, o volúvel-inconsequente, e eu, a ansiosa-impulsiva. Não resisto por tempo suficiente, e quando pega a minha mão, e me leva pro outro lado do universo, vou; porque ainda é cedo, do futuro eu não sei nada, e minha vontade é gulosa demais pra ser insatisfeita. Te beijo, e não satisfaço apenas a minha alma, mas toda a minha dúvida e essa insanidade de querer nota fiscal da felicidade; cobradora. Sabendo que, amanhã talvez você nem se lembre, ou se recordar, será tão leviano e inevitável, que fingiremos que nem aconteceu. Por mais que também não seja amor, mas sim, todo esse mistério sem nome que vem se arrastando por anos, e que por mim, já tinha fim decretado - com direito à créditos no final, e nossos nomes em negrito, eu e você ainda somos dois grandes protagonistas. Senão do drama, da vida. Ou dos dois, na maioria exata das vezes. Mas lembrando sempre: você é um refúgio bom de voltar, e agradeço à estadia. Até a próxima, que talvez seja amanhã, ou nunca mais. Certeza, apenas uma:  será surpresa.


sábado, 4 de dezembro de 2010

# Dormir...

Mais além..

- Você gosta de mim?

(Segundos fora do chão, pernas bambas, mãos trêmulas e milhões de pensamentos misturados procurando a resposta perfeita, cabível. "Como assim, gostar de você?" Sigo me perguntando.. Pelo aprendizado, talvez. Pela maneira com que me faz crescer, me tornar responsável. Por esse destino traiçoeiro que fez chegar até você e, incrivelmente desprevinida. Por ser apaixonada pelos seus olhos, sua voz e por preferir você de boné. Gosto de como tudo na vida acontece aos poucos, sem muita pressa, pra você. Gosto das suas gírias, seu modo de falar e da maneira em que escreve. Ver que você se esforça para ser mais, alguém melhor pra sua família e a defende, com unhas e dentes. Detestar alguns vegetais em conjunto e amar Doritos, assim como eu e, ainda, lembrar de mim ao come-lo. E ainda assim, adorar a adversidade dos gostos musicais, nos separando um pouco em afinidade. Pensar em você e algumas lembranças brilharem na minha mente, recordar alguns momentos, e sorrir sozinha, um tanto boba. Rir do seu ciúme bobo quando falo de alguns amigos meus, ou coisas que fiz com eles. Pedir pra você um sorriso, quando finge estar com raivinha. Conversar sobre o meu futuro, sobre o seu, sobre o nosso. Ouvir atenta as suas sugestões e sermões que sempre me dá me dizendo o que fazer, como agir e que caminho seguir. E me assustar, me preocupar sempre que você diz que está mal, mas se fazendo de forte.. sempre penso no pior, mas não saberia o que fazer, se caso, isto acontecesse realmente. Talvez porque há alguns empecilhos e, muitas barreiras a serem vencidas, e eu gosto de superá-las. Que pergunta infeliz, justo agora! Se eu realmente explicasse, as palavras me fugiriam e eu gaguejaria, com toda certeza. Então, respondo mecânicamente).

- Ah, sei lá. Eu gosto de conversar contigo, do quanto a gente se dá bem.. acho que temos química, afinidade, sei lá. Mas por que dessa pergunta agora?
- Porque acho que sinto o mesmo, você me faz bem, quero ser alguém melhor quando tô com você e queria saber se era assim com você tambem.

Esses homens vivem nos surpreendendo né? Pois é, depois dessa, engoli à seco suas palavras e, aos poucos, fui lhe dizendo tudo aquilo que havia pensado inicialmente. E para a minha surpresa, descobri que temos muito mais em comum do que os fatos já postos.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O que você ainda não sabe sobre mim.

Nessas poucas semanas, a gente até pode ter ido rápido demais, ao invés de ter se descoberto aos poucos, mais lento ainda, mas aceleramos sem querer uma porção de passos e coisas, e não sei até que ponto tal intensidade é boa, ou maléfica. Porém, não pense que eu estou totalmente na sua mão. Por nem um segundo, acredite que já me têm e sabe me domar, me dosar. Não. Há uma porção de verdades sobre mim que você nem sonha, e virão à cena, mais cedo, tarde, ou nunca. Aqui. Nesses relacionamentos sem nome, não sabemos por que curso tudo caminha, e eu espero que pelo menos eu tenha a generosa oportunidade de te deixar descobrir todos esses caminhos. As pistas, algumas já estão postas, à espera.


Não passa pela sua cabeça a coleção de esmaltes excêntricos que tenho, a minha paixão por tudo que é vintage e retrô e a minha TPM que quando ataca, vem com toda a força.
Você me viu dormir, mas nem imagina que sofro a anos de insônia crônica, e mesmo naquela noite, acordei diversas vezes, não sabendo se tudo aquilo era mentira, verdade, ou sonho. E que eu acordo bem, pela manhã. Não nos primeiros minutos, mas meia hora depois, já fico no meu estado ligada no 220 volts, até pelo menos o almoço. Você gosta das minhas roupas, mas nem imagina que sempre fico em dúvida entre tantas peças, e desarrumo o armário inteiro. Sabe também que eu gosto de música antiga, mas desconhece minha paixão por Cazuza, o meu lado sensível que ama Caetano, e se encanta pelas letras, tão poéticamente articuladas e tocáveis. E que, secretamente, escuto às vezes uma unica música sertaneja que roda aqui no modo aleatório, com vergonha de mim mesma. Tem conhecimento da minha preferência pelo inverno, mas não sabe que detesto sentir calor, que quando chega o inverno eu não fico assim mais tão bronzeada, corada e bonita, e que a asma me visita às vezes, a sinusite o ano todo, e a cólica, quando quer. Que eu nunca coloquei um cigarro na boca, mas tive uma época de adolescente rebelde, que já passou por alguns porres, teve os pais chamados no colégio, e fugiu de casa e dormiu um tempo na avó. Conhece o meu medo gigante de quase tudo, mas desconhece o por que,  e que opa, quem começou isso tudo, do primeiro passo à coragem de ver você de perto, fui eu. Corajosa, essa menina! hahaha. Vê minhas covinhas abaixo da boca, mas não nota no queixo, mais abaixo um pequeno corte, de quando caí de bicicleta. E o meu cabelo, o qual a sua pessoa tanto enaltece, já teve dias terríveis. E olha, quando nos falamos, sinto sua falta. Te ver ali, e não saber o que se passa, algumas vezes me dói, e sensível que sou, já chorei na dúvida. Prefiro tudo ao vivo, em cores, do que essa virtualidade toda. Depois de provar o maravilhoso, quem se acostuma com o mais ou menos? Não é a mesma coisa, e disso acho que você também já sabe. Vê meu romantismo em cada pequeno detalhe, e não enxerga toda a minha insegurança, o meu maior anseio: que tudo vá, tão logo chegou.
E sabe que eu escrevo bem, que esse talvez seja meu dom, mas nem sonha com o blog, e muito menos, que nos dias presentes, você é alvo e assunto - mas bom, tudo do bem, não se preocupe.
Devem haver ainda tantas coisas que não sabemos um do outro, mas fico pensando em quando isso tudo será revelado. Sim, minha mania de olhar pro futuro, mirar e ver, sonhar. A isso você também não foi apresentado ainda.. Não se assuste, por favor. Sou ainda real, gosto das minhas mulherzices, e tenho meu lado romântico. É que com falhas, abertas e expostas, nos acolhemos e encontramos realidade, onde tudo parece tão vago e surrealista. Mas, prazer, essa é um pouco de mim.

O que ainda não passou #2

Talvez ninguém entenda. Na verdade, acho que nem eu.. só sei que quanto mais eu pareço fugir, mais você insiste em ficar. Não sei dizer se isso é bom ou ruim, talvez a insistência tenha lá seu lado positivo, mas será que é o certo? Me pergunto frequentemente..
Gosto da maneira que você surge nos dias em que eu mais penso em você, das atitudes inesperadas e palavras surpresas. Gosto do timbre da sua voz, do jeito carinhoso que diz que sente minha falta, da palpitação que sinto ao me chamar de amor e do seu senso de humor. Gosto de como você faz parecer que tudo continua a mesma coisa de tempos atrás, como se as horas não tivessem corrido e nada tivesse mudado.. Gostava também de ficar no meio termo, neutra, porém de uns tempos pra cá tenho jogado alternadamente no ataque e na defesa, pra ver se saímos desse zero a zero.
Com você meu maior aliado é meu bom humor, presente em sorrisos e na leveza que me preenche a alma e faz com que eu queria passar a mesma sensação para o mundo. Alguns chamam de amor, outros de disposição. Se você está disposto a se abrir para o mundo a partir de uma pessoa, talvez o mundo abra suas portas pra você também e irradie sua alegria. Como fica meu caso "amoroso" ? Deixo como está. Quem sabe no futuro a gente possa se acertar ? Pro agora guardo apenas boas lembranças desse momento em que vejo o sol nascer com a sua voz sussurando em meu ouvido..


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O que ainda não passou



Está aqui. Dentro, fundo e meio escondido, mas firme. Forte não, que por um fio se equilibra tudo isso há muito tempo. Mas fio esse, que talvez seja de cobre, ouro, metais nobres. Um fio que segura, e por onde a equilibrista dentro de mim se aventura. Mesmo você não sendo bêbado, e estando longe disso, é claro.

Descobri apenas à pouco, enquanto me esforçava em fazer careta ao ouvir teu nome, gritar pro mundo que você não existe mais na minha felicidade, concordar na sua idiotice calhorda e dançar loucamente à noite. Beijar aparentes príncipes, que não tinham nem de longe a tua malandragem, e eloqüência de sapo magnífico. Ajudei no que pude, compreendi emoções, tentei calar a minha boca grande, viver intensamente. Fiz tudo o que me coube, para me livrar do sentimento nostálgico que é curar de vez esse vazio dolorido que me afinca o peito. Sanei tantas dúvidas, curei algumas questões incompreendidas, para esquecer aquilo que me inquietava por dentro. Cuidei dos outros, e me joguei num canto. E no final das costas, eu quem deveria encabeçar a minha lista em primeiro lugar, tirar todo e qualquer resquício seu, daqui. De mim.

Uma semana, e dois primeiros encontros. Saldo final? Nada que tenha me feito vibrar. Ou, pensar em substituir lembranças das nossas conversas sem fim, de algumas piadas internas, e o encaixe perfeito dos teus braços, sob a minha cintura. Não é tentando substituir que se esquece: só se lembra ainda mais. Em cada erro do outro, cada gafe, só se recorda mais e mais do quanto não era assim antes, com outro alguém. E isso dói. Comparar pessoas é mais ou menos como qualquer necessidade fisiológica: não é bonito, mas é inevitável. Não se pode fugir. Ainda não sei onde procurar alguém com o mesmo sorriso leve, e a maneira única de me olhar de frente, encarar com vontade. Eu tento, eu quase consegui, mas ao me colocar novamente em companhia-masculina-possível, titubeio. Vejo o banner do nosso filme, já na locadora, e quero morrer. Ouço a música que cantávamos juntos, animados e em descontração, e exito. Quase choro. E me faço brusca, fugitiva, e desinteressada: não dá. Se paro para refletir, me torno quieta - o que é raríssimo. Mesmo não sabendo o que fazer com tudo aqui dentro, que depois de tanto tempo, e muitos dias ainda me incomoda, tira meu sono, e rasga minha paz, sou quase uma prisioneira: me tranquei nesse beco sem saída, nessa cela obscura, e é como se tivesse engolido a chave, sem volta. Precipitei situações, e te fiz ir longe; te vi ir indo, e perdi. Talvez pra sempre, quem sabe nunca mais. E todos me dizem que não valia a pena, que não vale e muito menos, valeria. Me pergunto íntima e por dentro, quando é que isso vai passar, que me aparecerá alguém à altura, que eu me pegarei apaixonada e feliz, como já fui? Rezo, e culpo alguns santos. Peço encarecidamente que Deus veja toda essa injustiça, e cubra o mundo com o que acredito. Com amor decente, e pra quem dá amor - o certo, o que nos ensinam na catequese e o que nos é educado em casa, não é exatamente isso? Dê amor, e receberás de volta. Só ainda não encontrei motivos para acreditar piamente em tal afirmação. Nenhum, muito menos dois.

Não quero companhia, essa dor é apenas minha, e não há o que cure (a não ser, você mesmo). Sendo que está longe, e impossível. Sem preço a pagar, e muito o que fazer, me fecho novamente na minha colcha lilás, e sob a luz apagada. Dispenso caridade, tenho nojo. Nunca fui coitada, e mesmo na minha maneira Pollyanna em ver o mundo, aprontei das minhas. E por mais que provoque desejos alheios, que me sinta a rainha da noite, e que aproveite o máximo que posso, quando quieta e pensativa, sou apenas despedaçada. Me falta algo, e talvez seja minha felicidade real, meu sorriso sincero, ou quem sabe, o que por um bom tempo causou toda essa minha onda feliz e pacífica: você.

Tomada por uma saudade enorme, e um sonho ruim, disco os números que alguma vez já decorei, esqueci e apaguei. Ouço sua voz inesquecível, coração que palpita, ansiedade que toma conta. Sem muito o que fazer, e tanta coisa a dizer, desligo. Saciada, medrosa e levada; vivendo, e fazendo acontecer. E mesmo assim, sentindo enormemente a falta nobre que é estar sem a sua presença ilustre. Porque não há faculdade federal, carro importado ou paixão por mim que compre ou derrube o território que conquistaste em mim. Ainda aqui, quem manda no pedaço, e comanda ruas, movimentações e greves, é o senhor. Pode ter certeza, excelentíssimo.