segunda-feira, 20 de dezembro de 2010


Você acreditaria se eu dissesse que meu coração acelera só de ouvir seu nome?
“Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer.”
Autor desconhecido

Lembro-me..


E eu sempre me pergunto se quando você se deita você pensa em mim. É tão incomum, é tão abstrato, o que eu sinto é tão diferente. Eu preciso de você ao meu lado. Eu preciso de você dizendo que me ama. Eu preciso dos seus sorrisos perfeitos, das suas piadas toscas, do seu cheiro delicioso, do seu abraçado aconchegante, dos seus beijos doces, dos seus cabelos macios, das suas irritações infantis, dos seus gritos loucos, dos seus ataques bobos, eu preciso de você mais do que eu preciso de mim. Você sempre tentava com milhões de palavras e gestos demonstrar o quanto me amava, mas parecia que eu sempre estragava mais ainda. Nossos sonhos, nossos planos, nossas vontades e desejos, foram tudo por água abaixo? Como assim? Temos tempo ainda, temos muito tempo ainda para realizar tudo o que queríamos. Eu sempre me senti tão feliz ao seu lado, quando eu estava do seu lado era como se não existisse mais nada, éramos em três, você se lembra? Eu, você e a felicidade. Ao seu lado eu me sentia protegida, porque sempre quando eu passava frio você me aquecia, sempre quando eu estava cansada você me doava seu colo, sempre quando eu estava carente você estendia seus braços, sempre quando eu precisava de alguém eu olhava para o lado e você estava lá. E onde está você agora? Eu olho para o lado e só vejo a minha sombra. Todos os erros cometidos, todos os momentos marcados, todos os beijos demorados, todos os abraços apertados, fazem parte de mim, e de você também, e mesmo que esteja distante eu quero que saiba que eu te amo demais, e eu não aguento mais viver sem você aqui.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tati Bernardi

"Não gosto de você. Porque se eu gostar de você, eu sei que você vai embora. E eu simplesmente não aguento mais ninguém indo embora. Porque nessa vida maluca só se dá bem quem ignora completamente a brevidade da vida e brinca de não estar nem aí para o amor. E eu preciso me dar bem e por isso ignoro minha urgência pelo amor. Porque, se você sentir urgência em mim, vai é correr urgente daqui. E se você se apaixonar por mim mesmo com todo esse teatro de moça banal que eu estou fazendo, vai ser a prova de que eu precisava pra saber que você realmente vale a pena."
Tati Bernardi

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

My Dear ...

Talvez eu esteja ficando maluca, ou talvez, realista. Mas acho que aquela dor no peito, o machucado que eu tinha antes está sendo curado por remendos de um novo enfermeiro. Eu sei que não é fácil entender, acredite, ainda estou tentanto, mas as coisas do coração são assim. Em um minuto são fogos de artifício, exaltando cor e barulho; no minuto seguinte são gotas de chuva, frias e caladas.
Achava que nossa ligação nunca teria um fim, eu era submissa a você e poderia ouvir seu chamado à quilômetros de distância. Mas algumas mudanças repentinas me fizeram enchergar que somos melhores quando estabelecemos em nós uma ligação de afeto maternal, exigindo do outro apenas cuidado, consideração. Que a parte que faltava em mim e eu tanto procurava, eu já tinha encontrado nesse "novo" alguém. Pode ser apenas mais um, ou talvez acabaremos como aconteceu com nós dois.. Só sei que é ele quem me alegra nos dias que você maltrata meu pobre coração.Você pode achar que eu o esteja usando como "estepe", mas para mim é mais que isso; ele é quem me conforta, para quem eu corro sempre que preciso, onde eu busco meu eu interior, onde posso ser eu mesma e posso me abrir completamente que ele, com toda certeza, me entenderá. Como sempre fez. Mais que um amigo, pode ser minha alma gêmea .. que por irônia do destino ainda não tivemos a oportunidade de testarmos nossa compatibilidade. E acho que esse é o momento propício. Deixo de ser só sua e passo a me exibir para o mundo, buscando novos corpos, novas taras e consequentemente, novos corações. E quer saber? Desejo o mesmo a você. Pois esse "novo" coração que a mim pertence, se entrega mais do que deveria, mais do eu julgo merecer.. Por isso,  prometi-lhe ser fiel e merecedora de tanta dedicação, para que eu não faça com ele aquilo que você fez comigo e assim por diante. Por isso meu querido, que sua angústia seja substituida por alegria, e que assim como eu, você também condiga se doar por inteiro para outro alguém, que ela te faça o homem mais feliz do mundo, faça melhor do que eu pude fazer um dia, e que você faça o mesmo para ela. 
Você deve estar se perguntando se isso é realmente uma carta de despedida, não é? Pois bem, para mim ela é apenas um novo começo e para você um "até breve", pois sinto muito saber que estou desisitindo  da gente ao invéz de lutar.. Só espero que a partir dessa carta, possamos romper todo e qualquer elo que nos fazia mal e nos permita sermos melhores um com o outro.
Até breve, my dear ..


sábado, 11 de dezembro de 2010

# Titanic


Mesmo assim eu não me esquecia dele. Em parte porque seria impossível esquecê-lo, em parte também, principalmente, porque não desejava isso. É verdade, eu o amava. Não com esse amor de carne, de querer tocá-lo e possuí-lo e saber coisas de dentro dele. Era um amor diferente, quase assim feito uma segurança de tê-lo sempre ali.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

... e o coração é vagabundo

 Essa cidade é um ovo, e algum dia eu tinha consciência de que aconteceria. Na verdade, procurei entre olhares, personas e roupas parecidas, e agradeci à cada festa que não senti tua presença. Orei pela sua ausência, sendo franca. Ou fraca. Pedi que não visse teu rosto, sentisse teu cheiro, ou escutasse tua voz - única. E descendo as escadas da festa, eu vi. Aquilo que por meses ignorei, estremecendo a base sólida que imaginei ter construído, e que me fez gelar por dentro. Aquele de que durante dias à fio, não quis ver. O qual o verão me fez esquecer, o outono nem pensar e no inverno, finalmente, encontrar. Querendo desmentir que paixão antiga sempre mexe com a gente, decidi passar reto. Opa, não vi. Sem querer, querendo. E quando você puxa o meu braço, e me olha com aquela feição antiga, os olhos ternos de anos e anos, posso ver cada um dos pelos do meu braço que se arrepiam, sentir os pinotes que meu coração ensaia e paro no tempo. Fico sem ar, perdida no espaço, solta na vida. Não sei o que me leva a agir com calma e complacência, e ir caindo aos poucos assim, tola e frívola, na armadilha errante e repetitiva, que é você no meu destino. Mas sei que cesso, e diante de gente dançando e uma fila enorme para bebida, conversamos por todas as semanas de silêncio e fuga, rimos das pessoas bizarras que cruzam nosso caminho, e volto a me sentir bem ao teu lado, pedindo mentalmente que isso demore a passar, ou se prolongue o máximo possível. A gente se conhece tanto, e tão à fundo, que não surto e nem brigo, quando você comenta a minha roupa. Ou discutimos, a minha antipatia - e a tua falsidade. E concordamos que somos mesmo um pouco parecidos, meio turrões e teimosos, antipáticos e superficiais, quando nos convém. Sem admitir, ou dar o braço a torcer, como foi e ainda é. Eu com pouca roupa, enquanto você me exibe camadas de moletom, lã e camisetas. Você, e a sua habitual felicidade, o sorriso na cara de sempre, otimismo que não tem fim; eu, e minha ansiedade, remexendo o colar de pérolas, ou passando ainda mais batom. Oposto, e de outro ângulo, idênticos. Concluo que senti falta dessa sua vivacidade, e você me diz que faço também falta no teu dia-a-dia; mas nem tanto, pra não me deixar demasiadamente confiante. Se te dissesse que sonhei com você, num pesadelo insône do domingo passado, e te vi de longe logo na segunda-feira, e que levo fé que o nome disse tudo não é coincidência, mas sim destino puro e impróprio, talvez você gargalhasse de olhos fechados, como te vejo fazer há anos, ou questionasse, toda essa minha crença e espiritualidade, meus rituais e minha intuição, e começássemos algum debate filosófico sobre qualquer outra coisa do mundo - menos sobre nós, e toda essa situação sem pé nem cabeça, onde mergulhamos sem equipamento próprio. Então, continuo parada ao seu lado, e danço um pouco, enquanto penso como eu pude ficar longe da suas mãos maravilhosas, da sua alegria em viver, e de toda essa loucura pra qual você me arrasta. E todos nos vêem, nos notam, e sabem o quanto a gente fica eufóricos e radiantes assim, apenas de estar paralelos um ao outro e se dar um apertão de leve, um abraço sem jeito ou qualquer toque que aproxime, e não afaste. Finjo não ouvir as vozes que me falam para sair, fugir e correr pra longe - enquanto ainda é tempo, e o veneno ainda não me tomou totalmente o corpo. Mas caio nessa arapuca, e quando você quase me beija, esquivo apenas pra não ser assim tão fácil. Penso como quem se autosabota, mas nem liga tanto assim: a carne não é mesmo fraca? Que seja então, o coração vagabundo. Me faço de surda apenas para que você repita que me quer, que o tempo parece não ter passado, e somos os mesmos: você, o volúvel-inconsequente, e eu, a ansiosa-impulsiva. Não resisto por tempo suficiente, e quando pega a minha mão, e me leva pro outro lado do universo, vou; porque ainda é cedo, do futuro eu não sei nada, e minha vontade é gulosa demais pra ser insatisfeita. Te beijo, e não satisfaço apenas a minha alma, mas toda a minha dúvida e essa insanidade de querer nota fiscal da felicidade; cobradora. Sabendo que, amanhã talvez você nem se lembre, ou se recordar, será tão leviano e inevitável, que fingiremos que nem aconteceu. Por mais que também não seja amor, mas sim, todo esse mistério sem nome que vem se arrastando por anos, e que por mim, já tinha fim decretado - com direito à créditos no final, e nossos nomes em negrito, eu e você ainda somos dois grandes protagonistas. Senão do drama, da vida. Ou dos dois, na maioria exata das vezes. Mas lembrando sempre: você é um refúgio bom de voltar, e agradeço à estadia. Até a próxima, que talvez seja amanhã, ou nunca mais. Certeza, apenas uma:  será surpresa.


sábado, 4 de dezembro de 2010

# Dormir...

Mais além..

- Você gosta de mim?

(Segundos fora do chão, pernas bambas, mãos trêmulas e milhões de pensamentos misturados procurando a resposta perfeita, cabível. "Como assim, gostar de você?" Sigo me perguntando.. Pelo aprendizado, talvez. Pela maneira com que me faz crescer, me tornar responsável. Por esse destino traiçoeiro que fez chegar até você e, incrivelmente desprevinida. Por ser apaixonada pelos seus olhos, sua voz e por preferir você de boné. Gosto de como tudo na vida acontece aos poucos, sem muita pressa, pra você. Gosto das suas gírias, seu modo de falar e da maneira em que escreve. Ver que você se esforça para ser mais, alguém melhor pra sua família e a defende, com unhas e dentes. Detestar alguns vegetais em conjunto e amar Doritos, assim como eu e, ainda, lembrar de mim ao come-lo. E ainda assim, adorar a adversidade dos gostos musicais, nos separando um pouco em afinidade. Pensar em você e algumas lembranças brilharem na minha mente, recordar alguns momentos, e sorrir sozinha, um tanto boba. Rir do seu ciúme bobo quando falo de alguns amigos meus, ou coisas que fiz com eles. Pedir pra você um sorriso, quando finge estar com raivinha. Conversar sobre o meu futuro, sobre o seu, sobre o nosso. Ouvir atenta as suas sugestões e sermões que sempre me dá me dizendo o que fazer, como agir e que caminho seguir. E me assustar, me preocupar sempre que você diz que está mal, mas se fazendo de forte.. sempre penso no pior, mas não saberia o que fazer, se caso, isto acontecesse realmente. Talvez porque há alguns empecilhos e, muitas barreiras a serem vencidas, e eu gosto de superá-las. Que pergunta infeliz, justo agora! Se eu realmente explicasse, as palavras me fugiriam e eu gaguejaria, com toda certeza. Então, respondo mecânicamente).

- Ah, sei lá. Eu gosto de conversar contigo, do quanto a gente se dá bem.. acho que temos química, afinidade, sei lá. Mas por que dessa pergunta agora?
- Porque acho que sinto o mesmo, você me faz bem, quero ser alguém melhor quando tô com você e queria saber se era assim com você tambem.

Esses homens vivem nos surpreendendo né? Pois é, depois dessa, engoli à seco suas palavras e, aos poucos, fui lhe dizendo tudo aquilo que havia pensado inicialmente. E para a minha surpresa, descobri que temos muito mais em comum do que os fatos já postos.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O que você ainda não sabe sobre mim.

Nessas poucas semanas, a gente até pode ter ido rápido demais, ao invés de ter se descoberto aos poucos, mais lento ainda, mas aceleramos sem querer uma porção de passos e coisas, e não sei até que ponto tal intensidade é boa, ou maléfica. Porém, não pense que eu estou totalmente na sua mão. Por nem um segundo, acredite que já me têm e sabe me domar, me dosar. Não. Há uma porção de verdades sobre mim que você nem sonha, e virão à cena, mais cedo, tarde, ou nunca. Aqui. Nesses relacionamentos sem nome, não sabemos por que curso tudo caminha, e eu espero que pelo menos eu tenha a generosa oportunidade de te deixar descobrir todos esses caminhos. As pistas, algumas já estão postas, à espera.


Não passa pela sua cabeça a coleção de esmaltes excêntricos que tenho, a minha paixão por tudo que é vintage e retrô e a minha TPM que quando ataca, vem com toda a força.
Você me viu dormir, mas nem imagina que sofro a anos de insônia crônica, e mesmo naquela noite, acordei diversas vezes, não sabendo se tudo aquilo era mentira, verdade, ou sonho. E que eu acordo bem, pela manhã. Não nos primeiros minutos, mas meia hora depois, já fico no meu estado ligada no 220 volts, até pelo menos o almoço. Você gosta das minhas roupas, mas nem imagina que sempre fico em dúvida entre tantas peças, e desarrumo o armário inteiro. Sabe também que eu gosto de música antiga, mas desconhece minha paixão por Cazuza, o meu lado sensível que ama Caetano, e se encanta pelas letras, tão poéticamente articuladas e tocáveis. E que, secretamente, escuto às vezes uma unica música sertaneja que roda aqui no modo aleatório, com vergonha de mim mesma. Tem conhecimento da minha preferência pelo inverno, mas não sabe que detesto sentir calor, que quando chega o inverno eu não fico assim mais tão bronzeada, corada e bonita, e que a asma me visita às vezes, a sinusite o ano todo, e a cólica, quando quer. Que eu nunca coloquei um cigarro na boca, mas tive uma época de adolescente rebelde, que já passou por alguns porres, teve os pais chamados no colégio, e fugiu de casa e dormiu um tempo na avó. Conhece o meu medo gigante de quase tudo, mas desconhece o por que,  e que opa, quem começou isso tudo, do primeiro passo à coragem de ver você de perto, fui eu. Corajosa, essa menina! hahaha. Vê minhas covinhas abaixo da boca, mas não nota no queixo, mais abaixo um pequeno corte, de quando caí de bicicleta. E o meu cabelo, o qual a sua pessoa tanto enaltece, já teve dias terríveis. E olha, quando nos falamos, sinto sua falta. Te ver ali, e não saber o que se passa, algumas vezes me dói, e sensível que sou, já chorei na dúvida. Prefiro tudo ao vivo, em cores, do que essa virtualidade toda. Depois de provar o maravilhoso, quem se acostuma com o mais ou menos? Não é a mesma coisa, e disso acho que você também já sabe. Vê meu romantismo em cada pequeno detalhe, e não enxerga toda a minha insegurança, o meu maior anseio: que tudo vá, tão logo chegou.
E sabe que eu escrevo bem, que esse talvez seja meu dom, mas nem sonha com o blog, e muito menos, que nos dias presentes, você é alvo e assunto - mas bom, tudo do bem, não se preocupe.
Devem haver ainda tantas coisas que não sabemos um do outro, mas fico pensando em quando isso tudo será revelado. Sim, minha mania de olhar pro futuro, mirar e ver, sonhar. A isso você também não foi apresentado ainda.. Não se assuste, por favor. Sou ainda real, gosto das minhas mulherzices, e tenho meu lado romântico. É que com falhas, abertas e expostas, nos acolhemos e encontramos realidade, onde tudo parece tão vago e surrealista. Mas, prazer, essa é um pouco de mim.

O que ainda não passou #2

Talvez ninguém entenda. Na verdade, acho que nem eu.. só sei que quanto mais eu pareço fugir, mais você insiste em ficar. Não sei dizer se isso é bom ou ruim, talvez a insistência tenha lá seu lado positivo, mas será que é o certo? Me pergunto frequentemente..
Gosto da maneira que você surge nos dias em que eu mais penso em você, das atitudes inesperadas e palavras surpresas. Gosto do timbre da sua voz, do jeito carinhoso que diz que sente minha falta, da palpitação que sinto ao me chamar de amor e do seu senso de humor. Gosto de como você faz parecer que tudo continua a mesma coisa de tempos atrás, como se as horas não tivessem corrido e nada tivesse mudado.. Gostava também de ficar no meio termo, neutra, porém de uns tempos pra cá tenho jogado alternadamente no ataque e na defesa, pra ver se saímos desse zero a zero.
Com você meu maior aliado é meu bom humor, presente em sorrisos e na leveza que me preenche a alma e faz com que eu queria passar a mesma sensação para o mundo. Alguns chamam de amor, outros de disposição. Se você está disposto a se abrir para o mundo a partir de uma pessoa, talvez o mundo abra suas portas pra você também e irradie sua alegria. Como fica meu caso "amoroso" ? Deixo como está. Quem sabe no futuro a gente possa se acertar ? Pro agora guardo apenas boas lembranças desse momento em que vejo o sol nascer com a sua voz sussurando em meu ouvido..


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O que ainda não passou



Está aqui. Dentro, fundo e meio escondido, mas firme. Forte não, que por um fio se equilibra tudo isso há muito tempo. Mas fio esse, que talvez seja de cobre, ouro, metais nobres. Um fio que segura, e por onde a equilibrista dentro de mim se aventura. Mesmo você não sendo bêbado, e estando longe disso, é claro.

Descobri apenas à pouco, enquanto me esforçava em fazer careta ao ouvir teu nome, gritar pro mundo que você não existe mais na minha felicidade, concordar na sua idiotice calhorda e dançar loucamente à noite. Beijar aparentes príncipes, que não tinham nem de longe a tua malandragem, e eloqüência de sapo magnífico. Ajudei no que pude, compreendi emoções, tentei calar a minha boca grande, viver intensamente. Fiz tudo o que me coube, para me livrar do sentimento nostálgico que é curar de vez esse vazio dolorido que me afinca o peito. Sanei tantas dúvidas, curei algumas questões incompreendidas, para esquecer aquilo que me inquietava por dentro. Cuidei dos outros, e me joguei num canto. E no final das costas, eu quem deveria encabeçar a minha lista em primeiro lugar, tirar todo e qualquer resquício seu, daqui. De mim.

Uma semana, e dois primeiros encontros. Saldo final? Nada que tenha me feito vibrar. Ou, pensar em substituir lembranças das nossas conversas sem fim, de algumas piadas internas, e o encaixe perfeito dos teus braços, sob a minha cintura. Não é tentando substituir que se esquece: só se lembra ainda mais. Em cada erro do outro, cada gafe, só se recorda mais e mais do quanto não era assim antes, com outro alguém. E isso dói. Comparar pessoas é mais ou menos como qualquer necessidade fisiológica: não é bonito, mas é inevitável. Não se pode fugir. Ainda não sei onde procurar alguém com o mesmo sorriso leve, e a maneira única de me olhar de frente, encarar com vontade. Eu tento, eu quase consegui, mas ao me colocar novamente em companhia-masculina-possível, titubeio. Vejo o banner do nosso filme, já na locadora, e quero morrer. Ouço a música que cantávamos juntos, animados e em descontração, e exito. Quase choro. E me faço brusca, fugitiva, e desinteressada: não dá. Se paro para refletir, me torno quieta - o que é raríssimo. Mesmo não sabendo o que fazer com tudo aqui dentro, que depois de tanto tempo, e muitos dias ainda me incomoda, tira meu sono, e rasga minha paz, sou quase uma prisioneira: me tranquei nesse beco sem saída, nessa cela obscura, e é como se tivesse engolido a chave, sem volta. Precipitei situações, e te fiz ir longe; te vi ir indo, e perdi. Talvez pra sempre, quem sabe nunca mais. E todos me dizem que não valia a pena, que não vale e muito menos, valeria. Me pergunto íntima e por dentro, quando é que isso vai passar, que me aparecerá alguém à altura, que eu me pegarei apaixonada e feliz, como já fui? Rezo, e culpo alguns santos. Peço encarecidamente que Deus veja toda essa injustiça, e cubra o mundo com o que acredito. Com amor decente, e pra quem dá amor - o certo, o que nos ensinam na catequese e o que nos é educado em casa, não é exatamente isso? Dê amor, e receberás de volta. Só ainda não encontrei motivos para acreditar piamente em tal afirmação. Nenhum, muito menos dois.

Não quero companhia, essa dor é apenas minha, e não há o que cure (a não ser, você mesmo). Sendo que está longe, e impossível. Sem preço a pagar, e muito o que fazer, me fecho novamente na minha colcha lilás, e sob a luz apagada. Dispenso caridade, tenho nojo. Nunca fui coitada, e mesmo na minha maneira Pollyanna em ver o mundo, aprontei das minhas. E por mais que provoque desejos alheios, que me sinta a rainha da noite, e que aproveite o máximo que posso, quando quieta e pensativa, sou apenas despedaçada. Me falta algo, e talvez seja minha felicidade real, meu sorriso sincero, ou quem sabe, o que por um bom tempo causou toda essa minha onda feliz e pacífica: você.

Tomada por uma saudade enorme, e um sonho ruim, disco os números que alguma vez já decorei, esqueci e apaguei. Ouço sua voz inesquecível, coração que palpita, ansiedade que toma conta. Sem muito o que fazer, e tanta coisa a dizer, desligo. Saciada, medrosa e levada; vivendo, e fazendo acontecer. E mesmo assim, sentindo enormemente a falta nobre que é estar sem a sua presença ilustre. Porque não há faculdade federal, carro importado ou paixão por mim que compre ou derrube o território que conquistaste em mim. Ainda aqui, quem manda no pedaço, e comanda ruas, movimentações e greves, é o senhor. Pode ter certeza, excelentíssimo.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

All I need is you

Respire fundo. Perceba que em sua volta não há nada além de nós dois. As flores estão cheirosas como nunca, eu posso jurar que algumas tem um leve cheiro de baunilha. Fique com os olhos atentos. As cores são vivas ao nosso redor e as nuvens podem ser divertidas, basta ter imaginação. Sinta o gosto da tua boca. Os morangos ainda estão frescos em sua língua que posso sentir enquanto te beijo. Agora escute o seu coração e seja sincero ao escolher as palavras certas ao tentar falar o que eu já sei. Três palavras pra mim já bastam.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

# Save!

Frustration

Era notável que o inverno estava chegando. Eu tremia violentamente. As ruas nunca foram tão frias. Mas não tão frias quanto o meu coração. Chegam momentos na vida onde você se depara com a frustração. Você se frustra com seus amigos, sua família, seus segredos, seus medos, se frustra com o seu amor medíocre, se frustra consigo mesmo. E carregam consigo essa frustração pra onde quer que vá. Como um fardo que fere suas costas e sangra seus pés. Muitos levam essa frustração a vida toda. Alguns se cansam. Outros choram. Mas existem as exceções. As exceções escrevem. Vomitam as palavras e assim se aliviam mesmo que faça pouquíssima diferença. A culpa de tudo isso é a expectativa que se alimenta ferozmente e te destrói. Culpe o mundo, culpe o sua alma frágil. Mas não se esqueça da expectativa.

domingo, 28 de novembro de 2010

Metaforicamente


Vasculhando em eu mesma tropecei em uma caixa, quem sabe grande ou pequena, não importa, a questão é que naquela caixa encontrava a minha vida. Tudo de mais precioso que me pertencia estava lá. Meus segredos, meus temores, meus erros, as feridas, as conquistas e um milhão de vagalumes. Era como ver o meu eu, resumida em momentos, momentos que confesso que nem todos são tão bons, mas que me marcaram e me fizeram ser o que sou hoje. É difícil dizer quanta coisa eu havia encontrado lá, e eu sabia que aquela caixa só aumentaria a cada momento da minha vida, muitos sentimentos adormecidos, amigos enlouquecidos e pessoas que nunca ficaram despercebidas em minha vida. Notei o quanto eu perdi e que ainda preciso errar muito pra entender o verdadeiro valor daquilo tudo. Meu rosto molhado por lágrimas misteriosas - que vinham do fundo daquela caixa, eu sabia bem - e um coração apertado por descobrir um novo eu, coloquei a caixa aonde ela deveria estar e não olhei pra trás. Encontraria ela novamente, era só questão de tempo.

Where is my heart?

Os tons pastéis desse quarto nunca foram tão opacos como neste momento. Por um instante me perdi em meio à tanta falta de vida. Minha cabeça latejava e os xingamentos aleatórios vinham sem eu ao menos notar. Por um instante, desejei que seus braços me envolvessem da forma que só você sabe. Tirando daquele lugar todo silêncio agourento mesmo que você não proferisse uma palavra sequer. Naquele momento não desejava seus beijos, ou suas carícias. Queria apenas a sua presença que me reconfortava de uma maneira singular e que finalmente eu pudesse, calmamente, cair em um sono sem sonhos. Talvez isso não faça sentido para  ninguém mais, a não ser você e eu.
Mas não faz muita diferença agora já que você estar longe o suficiente para não sentir minha necessidade  muda de afeto. Sei que é tarde, mas não suficiente pro cansaço me vencer, ignoro um livro na cabeceira e pego meu modo de escape colocando em qualquer música possivelmente melosa que enche os meus ouvidos e entorpece meu cérebro densamente. 
Talvez eu tenha adormecido em meio à espera, mas você estava lá. Cauteloso talvez para não me acordar, mas mesmo assim ainda estava lá. Zonza pelo sono e com a voz embolada te chamei e você veio. É, você veio. 


sábado, 27 de novembro de 2010

Foi ...

Há dias que não sinto. Falta algo. Uma verdade. Uma saudade. Falta você. E de repente isso transparece em meus olhos, como se uma névoa saísse do meu coração. Queria poder dizer que não faz diferença se você mora tão longe de meus olhos, que o seu silêncio é apenas um silêncio. Mas é negar os fatos. Meu segredo que, as vezes, sou apenas uma espectadora, que vê tudo diante dos seus olhos mas está de mãos atadas pra qualquer tipo de intervenção. Retire a máscara, quero sentir os seus olhos sobre mim quem sabe pela última vez. Não faz mal, a questão não é o que será de mim depois, mas sim o que posso fazer hoje. Você encontra a verdade atrás dessas palavras? Sente o pesar da melodia? Perguntas passageiras de um filme reprisado. Não que isso seja o começo da ausência mas sim a verdade penetrando em minhas entranhas.
 
" Não dá pra perder o que nunca foi seu."



Coisas que eu sei

Acredito em palavras bobas num papel amassado, em uma música com a voz e o violão, acredito em abraços apertados mas não acredito que algum dia o coração que pulsa lentamente em meu peito se apaixone. Os batimentos são ritmados e sincronizados, as vezes oscilante, mas nunca acelerado o suficiente, nunca forte o demais para o sentir em minha boca. Nunca apaixonado demais. Não vou negar, eu já tentei. Por inúmeras vezes, mas as batidas continuam secas e tranquilas. Não há feridas, nem cicatrizes, há talvez uma crosta de indiferença, reflexo do meu próprio eu que se limita em dizer que não se importa. Uma meia verdade, confesso, mas quem nunca mentiu pra si mesmo?
A razão cospe em minha cara a verdade crua que meu coração mal amado não aceita. Amo demais. Mas é tanto amor que ignoro. Finjo que não faz parte de mim, que isso eu posso guardar num bolso do jeans velho. Me privo do amor, então assim as batidas se mantém naturais. A contagem regressiva para que ele, meu pobre coração mal usado, pare pela falta de uso, pela falta de calor, a falta da adrenalina o fazendo pular em meu peito me deixando enrubescida está acelerando. 5,4,3,2..

domingo, 21 de novembro de 2010

Tati Bernardi

"Mas se ainda existir dentro de você alguma esperança, eu preciso demais que você me abrace e me faça sentir aquilo novamente. É fácil, basta você querer, eu ainda quero tanto."
Tati Bernardi

sábado, 20 de novembro de 2010

Que tal um drink?




Copos de cerveja, vodka com red bull e, quem sabe, tequila .. misturas que nos levam ao delírio extremo e a partir daí não respondemos mais por nós. Quando associados a desejos, viramos caça e caçador do mais puro prazer. Se algo era impossível pra você, agora já não é mais. Seu corpo é tomado por uma onda de alegria, insanidade e principalmente coragem, onde agimos diferente do nosso normal, um tanto "felizes". Alguns bebem para relaxar, outros para afogar as mágoas, bebem de onda ou só pra sentir a vibe. Independente do perfil, sabemos que todos viajarão para o mesmo mundo embalados pela música, pelas luzes piscicodélicas, pelo movimento dos corpos, olhares, bocas, decotes, pernas e rebolados .. Desconhecidos viram amigos, amigos viram taras e taras voltam a ser desconhecidos. Mas tudo bem, um dos códigos da balada é: "O que acontece na night, fica na night". Então por que não aproveitar? Evitar certas atitudes podem nos deixar frustados, portanto, entregue-se! "Você tem muito ainda que curtir a vida" como já dizia o grande mestre K9 e tudo bem também se o tal arrependimento bater, ele é momentâneo.. tome mais uma dose e essa noite passará a ser uma boa lembraça de sua juventude badalada. 
 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Abaixo à sedução

Olhar por dois segundos, e desviar o rosto. Fazer algum contato corpo-a-corpo, imediato. Puramente físico. Sorrir até cansar o canto da boca; dentes à mostra, lábios imersos em algum gloss ou batom realçador
(e durável). Fazer mistério, e ainda assim, ser simpática. Voz dengosa. Cabelos perfeitamente lisos, calças jeans da sorte, e o casaco preto que realça. Ainda assim, minha sedução premeditada e ao vivo se resume em zero por cento. Travar frente aos pulos automáticos do meu coração enorme, é comigo mesma. Seduzir o alvo certeiro, como se faz? Preciso, inegavelmente aprender. Ou não.
Auto-confiança, dizem ser essencial.O amor que tenho por mim mesma chega a ser chato e cansativo, e já começo jogando errado: tenho que perguntar sobre o outro, e não falar de mim mesma. Parar de analisar todo e qualquer movimento do lado contrário, e cuidar minimamente, os passos meus. É tanto love myself, que procuro alguém perfeito. E sabendo que não existe, vou aceitando as tentativas no caminho, os trocos que me são dados. Maquiagem, às vezes. Brincos e jóias, sempre. O defeito então, aí não está. Deve estar na minha burrice para crer que, posso ser atraente, caso assim me sinta (tarefa difícil quando já se foi tenebrosa algum dia).
Misteriosa, sou apenas de início. Se me derem corda, desando a falar, falar, e falar. Se pílulas falantes existissem, certamente eu seria uma compulsiva. Faço enigma sobre algumas coisas, e noutras, me aprofundo com firmeza precisa. Sou mais curiosa do que gero curiosidade. E não sei até que ponto isso me favorece.
Algumas vezes, abuso da sensualidade; noutras, viro quase uma freira. Gosto de moda, e tento usar o que me favorece. Porém, experimente ter um corpo bem brasileiro ou melhor, "sinuoso" e vamos ver se você consegue passar longe da vulgaridade. É uma tarefa difícil. Sina também é isso.
Minha voz é alta, e nasal. O contrário do que é considerado "atrativo". Não sei falar calma e pausadamente, e muito menos, baixo. Se não conheço, não minto. Não finjo amar nada do que não gosto, e faço questão em mostrar que sou diferente. Não toco quem mal conheço. Detesto que façam o mesmo comigo e associo tal atitude um pouco como falta de respeito. E me jogar em cima de alguém, não está realmente, entre as minhas projeções. Existe sim, uma diferença entre seduzir e se jogar. Na segunda opção, você pode terminar atropelada - e as suas chances, completamente no chão. Jogos de amor não me apetecem. Ligar, e sumir dois dias. Rejeitar convites, e convidar pra jantar. Captar, e depois, ser pega. Não dá pra ser tudo mais simples, tudo mais leve, algo mais sincero? Na contramão, atraio quem não desejo. Talvez por não acatar às músicas que se misturam ao álcool e não sorrir com falsidade, insegura por dentro. Deixo de seduzir quem realmente quero, porque ser enfeitiçada é benéfico à alma também. E assim acato ao que me aparece no caminho. Com muito desapego porque nada me brilha, nem me faz caçar o tesouro mais à fundo.
Por enquanto, na beirinha das ondas, deixando que molhe os pés vez que outra. Quando mergulhar, que seja para ir ao fundo, e redescobrir todo um oceano. Com muito olhar desmedido e fascinação recíproca; porque submergir em companhia pode ser ainda melhor, e se descobrir no outro desvendando também o véu do outro lado é o que nos salva da promiscuidade desse mundo atual.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

# Kiss me?

Estado Civil: Desinteressada

E daí que eu sou só falta de interesse em tudo que não me atiça os olhos, ou palpita as veias. Abnego toda e qualquer coisa que não me dignifique como realmente me sinto: no topo, inatingível. Hoje eu é que me sinto mais madura e tão mulher pra mais da metade, ou praticamente todos, os caras que passaram na minha vida. Só me deixo sair da linha pelo que for maravilhoso, singular, diferenciado. Ou valer muito a pena. Deixo meu coração trancafiado às sete chaves, porque para chegar até o cerne, até o limite onde hoje ele se encontra denso e escondido, será uma verdadeira prova de fogo que quem se queima cai fora - onde falta capacidade, me sobra agora indiferença. Sem vidas a mais, sete, cinco; apenas essa única com a qual viemos à Terra e não há data marcada para o fim. Tudo porque minha preocupação em ser altruísta é tão leve e companheira da minha própria presença, que minha vontade é muito mais de seduzir e cair fora, do que simplesmente tentar ver em todo e qualquer homem alguma coisa boa que me faça prestar atenção com mais destreza e sensibilidade. Não vale a pena, eu penso. Me cansa inteira ficar desenrolando alguma paixão onde já se fecharam portas - ou há janelas que nunca penso em deixar abertas - e ouvir de todo mundo que as pessoas mudam, e merecem chances, e que só irei saber realmente onde dá, se tentar. Quando na realidade, sei que se ocupamos nosso tempo tentando fazer com que qualquer sentimento desponte por quem não nos completa, nem nos faz pensar furtivamente em alguma hora do dia, seja no caminho pra casa, ou naquele cartaz de filme exposto em frente à locadora, não vale a pena. Isento qualquer preocupação previsível de futuro. E curto, tento aproveitar ao máximo. Rio, e danço, sem pensar nem no amanhã e nem em dia nenhum, querendo apenas que o hoje me faça deitar na cama e pensar: foda-se todo esse mundo, eu me diverti. As pessoas que se preocupem consigo mesmas e suas felicidades irreais, ilusórias. Não foi a isso que me fizeram acatar? Inscrita no desapego way of life, desbanco oportunidades, e esbanjo despreocupação por aí. Incrivelmente, isso atrai.
Agora são os outros que esperam essas minhas ligações que não ocorrerão, e respostas de perguntas que detesto e deixo no ar, tudo porque já fui por demais pisoteada, e se num dia somos caçador, a glória de ser caça e fugir pra longe, correr veloz, chega também. Nenhum apego, isenção de afetos. Sem mais pensamentos depressivos em músicas suaves, ou vontades incontroláveis de ligar para o que um dia fez total sentido. E o melhor: ver que esse lado da moeda (ou proposta temporária de vida) pode ser algo altamente interessante. E benéfico. Que funciona muito melhor ao ego do que fazer as unhas na sexta-feira ou comprar um par de sapatos. Ou cortar o cabelo, ou escutar cinco cantadas por quarteirão percorrido. Quando você está por cima, você realmente se sente poderosa e feminina, meio como aquelas mulheres escorregadias dos filmes em preto e branco, década de cinquenta, que amam quem não devem e fazem sofrer aqueles que insistem em tentar mergulhar em algo que os afogará. Capaz de sair de táxis em movimento, e atravessar a rua com um sorriso na face, em fuga. Sem se sentir vadia, ou promíscua, apenas uma lady que se preocupa apenas em manter a vida ocupada, e a mente leve, sã. Que vai vivendo, e vendo no que dá, enquanto nada a faça novamente suar as mãos, ou manifestar os tão antigos e apegados sentimentos de ansiedade frequente. Uma menina que arranca e larga flores pelo caminho, deixadas ao chão, ou em árvores aleatórias, até o encontro do girassol que a faça envolver o mundo, e desprender toda sua majestosa atenção. E que valha a pena, na mesma medida altamente real que ela também vale. 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

# A Última Música

Neoqeav

"Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar. A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra “Neoqeav” num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente. Eles se revezavam deixando “Neoqeav” escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar. Eles escreviam “Neoqeav” com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho. “Neoqeav” era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar “Neoqeav” na última folha e enrolou tudo de novo. Não havia limites para onde “Neoqeav” pudesse surgir. Pedacinhos de papel com “Neoqeav” rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros. “Neoqeav” era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro. Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós. Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos. Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte. Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair. O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu. Vovó partiu. Neoqeav” foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó. Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez. Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava. Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando: “Mas o que Neoqeav significa?” Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você."

Autor desconhecido

terça-feira, 9 de novembro de 2010

 De uns tempos pra cá minha vida virou de cabeça pra baixo; não que isso seja exatamente ruim: Foi assim que descobri o que realmente era seguro e o que estava prestes a cair. Caiu. E infelizmente quebrou. Doeu. Mas olhe pra mim, ainda estou inteira, não completamente, mas o suficiente para escrever sobre isso ou qualquer coisa que eu tenha deixado para trás, inclusive aquilo, inclusive aquele. Eu sempre faço isso, é minha mania de regar as lembranças com palavras sem sentido. Talvez no fundo eu ainda me sinta dividida entre o que sou e o que fui e se isso não fosse tão cruel com pessoas que me amam, eu não me incomodaria em ficar pra sempre assim – por dentro. Mas eu me sinto na obrigação de esquecer. Pra ser feliz, pra fazer feliz. Eu sempre guardarei segredos dentro do estômago, assim como sempre deixarei pessoas.
Mas isso não muda o que eu sou, muda apenas a maneira com que as pessoas me enxergam. Eu gosto disso..

Hanson - Save me



"Suddenly the sky is falling
Could it be it's too late for me
If I never said I'm sorry,
Now I'm wrong,
Yes I'm wrong
Then I hear my spirit calling
Wondering if she's longing for me
And then I know that I can't live without her
Won't you save me? "


Nicholas Sparks

" Quando penso e você e eu e no tempo que compartilhamos, sei que para os outros seria fácil menosprezar o tempo que passamos juntos simplesmente como um subproduto dos dias e noites à beira-mar, uma "aventura" que, a longo prazo, não significa absolutamente nada. É por isso que não conto às pessoas sobre nós. Eles não iriam entender, e não sinto necessidade de explicar, simplesmente porque sei em meu coração como foi real. Quando penso em você, não posso deixar de sorrir, sabendo que você me completa. Eu te amo, não só agora, mas sempre, e sonho com o dia em que você vai me abraçar novamente."

Nicholas Sparks

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Feito cola

Feito cola, é a forma em como me vejo ligada a você. É incrivel que por mais que nossos corpos e mentes se distanciem um do outro por um tempo, nossos corações permaneçam grudados. Quando seu nome vem a minha cabeça, por irônia do destino, você resurge da maneira mais inesperada. E assim ficamos, permanecemos, um tanto colados... Feito cola são nossas promessas. Promessas essas que serão cumpridas ao encontro dos corpos, desfrutando desejos, aspirando sonhos ternos. Sonhos que podem vir a ser realidade se formos apenas um. Porque de dois o mundo está cheio e tudo é plural, sem divisões, sem singular, sem o chamado único.
Feito cola será nosso futuro, se assim Deus quiser. Futuro próximo, ou quem sabe presente, em que nos encontraremos e feito cola estaremos até o fim dos tempos.  

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Querido John


"… Quero que você saiba que sempre será parte de mim. No tempo que passamos juntos, você conquistou um lugar especial no meu coração, que eu vou levar comigo para sempre e ninguém pode substituir… Mas, acima de tudo, você é o primeiro homem que amei verdadeiramente. E não importa o que o futuro traga, você sempre será, e sei que minha vida é melhor por causa disso.

Finalmente compreendi o que o verdadeiro amor realmente significa (…) O amor significava  pensar mais na felicidade da outra pessoa do que na própria, não importa quão dolorosa seja sua escolha.”



Querido John

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Clarice Lispector

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."


Clarice Lispector

Meus corações

Sei lá, digamos que acordei hoje com o pé direito. O dia amanheceu meio chuvoso - ao contrário de ontem - mas essa mesma chuva me fez relaxar meses de tensão. Parece que todo o peso que eu vinha carregando desceu e foi levado junto com tudo que tinha de ruim naquele chuvaréu. Recuperei meus sentidos e principalmente minha mente e meu abatido coração. Se antes ele estava confuso, hoje é mestre dos meus comandos e sinceramente, desejo nunca mais perde-lo. Esse mesmo coração que um dia sorriu e chorou, sofreu e amou, e outros extremos opostos que o prepararam para o mundo a sua volta, para o encontro com outro coração. Ah, o outro coração .. o qual nós vivemos para conquistar e nele encontrar tudo aquilo que nos falta, o que desejamos, que nos entenda e nos conheça melhor que nós mesmos. 
Alguns dizem que não nasceram para encontrá-lo, outros anseiam a sua chegada desde seu nascimento, vem de cada um. A verdade é que todos nós o encontramos um dia, seja em um familiar, amigo ou namorado. Ou talvez até mais de um. Sua outra metade pode estar dividida entre vários outros corações que unidos tornam-se um só, se completam em você. 
E se querem saber, acho que já estou encontrando os meus. E a cada dia meus laços com eles são reforçados, afinal nos encontramos em vidas passadas e fomos guiados pelo destino até chegarmos onde estamos. E já que chegamos até aqui, não vou mais largá-los porque sinceramente, desejo nunca mais perder meu pobre coração.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada “dois em um”: duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém” 

John Lennon 

# Curta!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Se é destino, esperança!

É que a gente ficou se olhando esse tempo antes de alguma coisa acontecer, dias intermináveis, algumas horas palpitantes, vendo pela fresta e voltando a se esconder, sabendo que ali haviam possibilidades, que dali podia surgir qualquer coisa, uma amizade de anos, contatos futuros, ou amor atrasado, nunca vindo ou aceito, e que nessas olhadelas, se manifestava. Via tua beleza aberta, exposta, enquanto você sonhava em visualizar o que eu secretava, escondia. Não, nunca fui assim de fácil contato, de tudo à mostra, e circustância. Aqui, tudo tem de ser meio que conquistado, o gosto se agrega no merecimento, se funde naquilo que eu possa acreditar e transver, entende? O primeiro contato foi sim, meu, mas porque de tanto você me olhar, eu não entendia. Nada em comum, um gosto, uma música, um amigo sequer e tanta visualização, uma intuição exata de que ali, podiam duas almas cansadas se encontrar - se recostar...Descansar, quem sabe.
Tudo foi se tornando real com uma velocidade que eu não sabia controlar, e suas surpresas aceleravam aindo mais todo esse processo - à cem por hora o meu coração, à dez, a razão (diminuição mais que justificada). Não tive controle, e você foi conquistando espaço, também alguns pedaços bonitos e que ainda nem eu sabia que existir aqui por dentro. Você sabe bem, eu sei também, e nem preciso dizer - digito agora todo esse monólogo porque preciso falar, e infelizmente, você não pode ouvir. Por enquanto, não. Talvez nunca. Hoje, ou sempre. Um dia, um dia! Quando tocados, nossa realidade fica bonita, dá esperança em viver. E em cada obstáculo, diminui, dando força apenas para a fé, que nessas horas, se chama remédio ou cura; uma luz. Tão bonito quando as mãos se entrelaçam, e de leve a sua saí, e se acomoda de novo, voltando a encaixar perfeitamento nos meus dedos longos e grandes, entre as minhas unhas laranjas, ou vermelhas. Não sei também em que imensidão vou me perder, com a força dos meus dez dedos, sem as tuas costas aqui. A massagem não é a mesma, nem os elogios e o rosto de relaxamento que com ela, vinham de brinde. A ponta das minhas unhas, farão que trajeto, qual o roteiro, sem o teu braço pra arrepiar os pêlos, de leve e sutil? Desoladas, ficam, pensando em todas as possibilidades. E nuas em cor, latejantes em brilho, tão pálidas parecem...O abatimento batento à porta, desse corpo em que a mente insiste governar sofrendo por antecipação. Estar ciente que não vai mais ter aula de culinária, ou forró, filmes infantis que nos levem ao cinema, mordidas no pescoço, desespera um pouco. Você longe dessa cidade, caotiza tudo ainda mais. Sim, você, querido.
Olha, eu disse já tantas coisas, e fiquei um pouco em cima de você. Foi tudo inevitável, desde a paixão, até o primeito ato, a parte em que eu era uma exclamação, e você, a dúvida. Tantos dias sem se ver deveria vir com um anúncio de proibição, de código na lei, porque saudade também mata - de tanto que sufoca. E sabendo dos percalsos, desse muro estruturado o qual o senhor construíu ao longo desses anos de companhia solitária, o medo de gostar tanto e ter de abandonar sem opções amanhã, vou em frente. Sedenta por desafios que sempre fui, não é agora que abandono o barco. Equipada, com proteção, sigo porque voltar machucaria ainda mais. Dois santinhos no bolso, um pequeno terço nas mãos, e uma fé enorme - em mim, em você, em tudo isso. Nada é tão ocasional assim, e nisso tudo, a esperança é sempre a minha melhor amiga. Sempre, sempre.

Caio F. Abreu

"E essa falta cresce à cada dia, de forma avassaladora, quando enfim penso que estou me acostumando, que estou te esquecendo, você ressurge de forma inesperada ocupando todos os espaços, transbordando de dentro de mim... E é nessa inconstante loucura que vivo sem te ter."


Caio F. Abreu

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

To next to you


I see you in the morning and I say good morning.
It looks like you can stay all day but when i'm so far.
It looks like your a star, I look at the sky every day.
I think about the things that you did for me but it looks like I'm so far away.
I'm here and your there. I'm going to get there.
I'm going there, so wait for me because I'm going there.
To next to you ...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Quando me amei de verdade ...

"Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato. E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades. Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo. Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Tudo isso é... Saber viver! "

Charles Chaplin

sábado, 2 de outubro de 2010

Desabafo existencial

No primeiro sinal, das mãos suadas e em estado choque, um puro medo disfarçado em expectativa. Ele esteve presente durante o tempo em que sorrimos, nos conhecemos aos poucos e devagar, e íamos nos encantando, eu sabia disso. Apenas me envolvi junto com você o impulso que é viver em delírio e felicidade, camuflando todo esse susto. E ele começou a dominar. A situação, a mente, você inteiro e consequentemente, eu. Sempre temendo agir e mais que isso, sentir. Corria do humor instável, dos imprevistos e de tudo o que me confundia a cabeça. E ele infiltrou as ligações inesperadas, as mensagens, os apelidos carinhosos... Que depois de um tempo então, sumiram. É, foram desaparecendo, gradativamente, e o teu afastamento como consequência.
Tentei curar essa crise com mais afeto, tirei uma paciência que não me é comum, não sei de onde e fui até onde nem eu imaginava. Sem notar que, a fobia aumentava a cada olhar mais longo e singelo, a cada surpresa falhada em que eu tentava salvar tudo, ser superior e ignorar o pavor e pesadelo em que tudo se transformava, o sonho lindo que um dia surgiu e foi se esvaindo. Fui adormecendo e por mais devagar que fosse, no final era só penumbra, assombramento. Palpitações, enjôo, olhar trêmulo e um não saber que me consumiu, que me enlouqueceu. Preciso de claridade, gosto de saber onde piso, da firmeza do caminho.
A possibilidade de segurança que eu transmitia não condizia ao teu espírito livre, à tua facilidade em chegar e abandonar castelos já construídos, possibilidades pré-moldadas. Tão opostos, que insistimos até o limite estourar. Melhor dizendo, insistimos. Quebrei barreiras por mim impostas, cortei laços por mim feitos. Enquanto assistia ao longe a tua partida e o meu rastejamento, a minha vontade de voltar pro final feliz, pro reino encantado e te levar junto, quebrei a cara - desconstruí o coração. Descobrindo apenas mais tarde que o medo, aquele que fazia as mãos suarem, já tinha tomado conta e não volta a ser o paraíso e a paz de outros dias. Que algum dia pelo menos desperte você dessa impossibilidade toda e perceba que pensar não é escolha, nem caminho. É martírio. Que sentimento não explica lógica, e amor, loteria. E como é princípio meu, que o interessado dá um jeito. Pra tudo, por todos. E que não seja tarde demais, pra que pelo menos você me alcance e escute o que sempre te falei, mais uma vez, olhando nos olhos.

# fuck you!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Imprevisibilidade marcada

Com os pés fora de uma cartomante, a vida parece assim tão mais simples e bela; possível. Previsão de você no meu caminho quase que pra sempre, e outras pessoas que serão insignificantes e transparentes, frente ao que a gente encontra um no outro. Por mais que exista alguém como eu, que destrua por aí corações e não valha nem mesmo o que come, no momento na minha vida. Ou um futuro zé-ninguém, apaixonado por mim desde que nasceu. E ainda assim, você brilha. Naquela difusão entre o que vai embora pra não mais voltar, e o que fica pra eternizar, você fica. Daí me bate aquela saudade sabe, que ontem eu troquei por raiva, e quase chorei. Mas tudo bem, porque eu entendo, e se não compreendo, assim me engano.
Eu queria o teu sorriso nos meu olhos e as amenidades que saem das nossas bocas, pra tapar qualquer ausência que envenenou a doçura dos nossos ideais. Porque já faz algum tempo, e desculpa, eu não aguento mais. Te ver é o momento preciso onde eu sempre volto, depois de festas, e noites, e gentes, alguns livros e nada muda. Nem a minha mente, tão pouco o meu cabelo. Quem sabe, o seu sorriso. E só. Somos dois diferentes idênticos, atraídos justamente pelo desconhecido, pelo que a gente não é. Pela troca altamente benéfica que operamos, um ao outro. Há alguma loucura insana, por trás disso tudo. Só pode ser.
Não distinguindo o que me fez assim voltar, burra, louca ou indecisa, aos comentários alheios. Por mais que eu finja querer que você saia do meu caminho, relutante e sem volta, não disfarço a felicidade em ver a sua teimosia para ficar. Piso na bola e depois é a sua vez. Me desculpa, para em seguida você me surpreender como é habitual. Reforçar que isso é forte e não tem fim, alivia e enlouquece. Pensar no futuro confunde e anseia. Eu preciso da pessoa que sou quando fico ao teu lado e consigo ser livremente irônica e assim esquecer com mais liberdade ainda todo discurso mal-feito de possibilidades, ensaiado no banho. E não canso de escutar que você é bom, que faz bem e quer se centrar no mundo, se encontrar na vida.
Angústia não poder ajudar, metida que sou. Mas me viro aqui e você daí, e com paciência, todos dizem que vamos longe. Porque eu não vou encontrar alguém como você. Com as maiores diferenças que eu preciso no meu dia-a-dia, na minha pauta vivenciada, entre os meus cadernos e livros. E é difícil de você achar por aí quem não goste de quase nada do que você gosta, e ainda assim, te deixa um presente na portaria do prédio, que é pra não esquecer tão cedo. Pode ser que me enganem e hoje a fé esteja me tomando as rédeas do corpo e da vida, mas acredito até o último minuto. Sabe porque? Porque a gente se gosta, se dá bem e mesmo que brigue e discuta, fale o que não devia e diga até nunca mais, sabemos que não terminou aí. Que esse nunca mais, na verdade, é um até logo. Uma deixa no caminho, que o outro pega com as mãos, apenas para correr atrás - enquanto é tempo. E pra nós, o tempo nem mesmo existe. É  praticamente infinito. Foi trocado pela intensidade, que instáveis que somos, é assim que funciona melhor.